sábado, 30 de março de 2013





Olhar de gato, mesmo com sono, ainda decifra o dono.

 Bartolomeu C. de Melo




Vem cá, meu gato, aqui no meu regaço; Guarda essas garras devagar, E nos teus belos olhos de ágata e aço Deixa-me aos poucos mergulhar.

Baudelaire




A elegância quis corpo e vida, por isso se transformou em gato

 Guillermo de Aquitania




Eu estudei muitos filósofos e muitos gatos. A sabedoria dos gatos é infinitamente superior.

 Hippolyte Taine





o rabo do gato desenha
letras árabes no mosaico da sala.
arranha o tapete de arraiolos,
rasga o jornal de letras
e um verso escapa-se pela janela entreaberta

uma pétala de violeta
              é o tempo das violetas
fugiu para a janela da vizinha
um andar abaixo.
talvez atraída pelo cisne de camille saint säens
no carnival des animaux

o gato enfurece-se com o silvo do vento
e quase me estraga o poema.
             vale o método tradicional
um novelo de linha encanta o gato.

alguém pousa os lábios nos meus olhos.


José Félix

Gato





Dois sentidos o protegem:
seus ouvidos de radar,
seus olhos de escuridão.
O mundo é uma passarela
e uma guerra provocada.
Incapaz de cativeiro,
a elegância natural
repele doma e domínio.
Preceitos: a liberdade
e um amor insubornável.
Com sete vidas o gato
confirma a ressurreição.
Cada vez que morre,o gato
vira tigre, mais selvagem.


Izacyl Guimarães Ferreira

Luar da madrugada





No pátio
 passeia o silêncio
do gato

Rogel Samuel

Soneto do gato morto





Um gato vivo é qualquer coisa linda
Nada existe com mais serenidade
Mesmo parado ele caminha ainda
As selvas sinuosas da saudade

De ter sido feroz. À sua vinda
Altas correntes de eletricidade
Rompem do ar as lâminas em cinza
Numa silenciosa tempestade.

Por isso ele está sempre a rir de cada
Um de nós, e a morrer perde o veludo
Fica torpe, ao avesso, opaco, torto

Acaba, é o antigato; porque nada
Nada parece mais com o fim de tudo
Que um gato morto. 


Vinicius de Moraes




Tigre, leões, panteras, ursos, cães, focas, golfinhos, cavalos, camelos, chimpanzés, gorilas, coelhos, pulgas. Todos fizeram figura de imbecis no circo, menos nós! Os gatos!

quinta-feira, 28 de março de 2013





“Eu poderia viver sem muitas coisas neste mundo. Mas não poderia viver sem a delicadeza e sutileza dos gatos”

Amara Antara


quinta-feira, 21 de março de 2013




Divertem o gato
Na roça em frente ao portão
As folhas caindo.


Kobayashi  Issa

Poema para os gatos





 
Silêncio,
eis a tarefa
de todos os gatos.
Poucos sabem perscrutar
(talvez ninguém em plenitude)
o grau de solidão necessária
ao saber auto suficiente
para ser felino e doméstico
em sua tarefa de monge
guardião do inextricável
em quem o homem não percebe
a metafísica natural,
recolhimento
saber
sensualidade
e aceitação.

Artur da Távola

terça-feira, 19 de março de 2013

O gato




Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga. 


Vinicius de Moraes

domingo, 17 de março de 2013

Le chat




Viens, mon beau chat, sur mon coeur amoureux;
Retiens les griffes de ta patte,
Et laisse-moi plonger dans tes beaux yeux,
Mêlés de métal et d'agate.

Lorsque mes doigts caressent à loisir
Ta tête et ton dos élastique,
Et que ma main s'enivre du plaisir
De palper ton corps électrique,

Je vois ma femme en esprit. Son regard,
Comme le tien, aimable bête,
Profond et froid, coupe et fend comme un dard,

Et des pieds jusques à la tête,
Un air subtil, un dangereux parfum,
Nagent autour de ton corps brun.


Charles Baudelaire

domingo, 10 de março de 2013




Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se a si mesmo como o gato.

Artur da Távola



Deus ao criar o rato disse: já fiz asneira! e tratou de criar o gato, logo o gato é uma errata do rato.

Victor Hugo