quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Gato






 
Perdi meu gato
sem lembrar-me
do último toque em seu pelo,
do último miado,
do último ronronar,
do último ato
de despedida. 
Perdi meu gato,
não o verei jamais
no tapete,
ao pé da cama,
defronte a geladeira.
Somente um retrato
sobrou após a partida. 
Perdi meu gato
que era sujo,
pestilento,
preguiçoso,
namorador barulhento,
sempre enfiado no mato
e insaciável por comida. 
Perdi meu gato
e o fato da sua ausência
sem a devida despedida
é insuportável.
Sofro perda de sete vidas
de um animal cujo fado
fez-me refletir sobre o meu. 

 Antônio Carlos Tórtoro

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